Daily report for 19 August 2010

Na quinta-feira, a ICID 2010 reuniu-se em sessões de painéis temáticos e mesas redondas organizadas em torno de quatro subtemas da conferência: informação sobre o clima; clima e desenvolviment sustentável, governança climática, representação, direitos, igualdade e justiça; processos políticos eclima. Durante a manhã e à tarde, sessões de pôsteres foram apresentados.

PAINÉIS DE SESSÕES TEMÁTICAS

Na parte da manhã e da tarde, 18 sessões de painéis temáticos e mesas redondas se reuniram para tratar de questões relacionadas com a adaptação às mudanças  climáticas,  vulnerabilidade e desenvolvimento sustentável. Além desses grandes temas, painéis abordaram estudos de casos específicos e alguns focados em elementos como a água de chuva, tecnologias para o desenvolvimento e impactos sobre os oceanos. Uma seleção de sessões de painel é apresentada abaixo.

O Presidente da Mesa Michael Glantz,  Consórcio para Capacitação, EUA, abriu a sessão da manhã, observando que as "lições aprendidas" constantes nas avaliações pós-desastre raramente são aplicadas. Ele pediu que as recomendações fossem sempre discutidas levando em consideração lições aprendidas.

SHM Fakhrunddin, Sistema Regional Integrado de riscos múltiplos,  Tailândia, discutiu três principais problemas com os sistemas de aviso prévio: advertências não compreendida, advertência compreendida  mas ignorada, e avisos compreendidoz e entendidozs mas sem os respostas planejadas.

Fernando Briones, Centro de Pesquisas e Estudos Superiores em Antropologia Social (CIESAS), México, discutiu os problemas de comunicação  e previsões modernas do clima para os agricultores de subsistência no Estado de Chiapas, onde os sinais tradicionais estão a tornar-se confiáveis, podendo portanto levar à desadaptação.

Tsegay Wolde-Georgis, Consórcio para Capacitação, EUA, discutiu a promoção dos biocombustíveis na África, alertando para as consequências do uso da terra, propriedade da terra, comunidades nômades e segurança alimentar.

Peter Usher, Consultor, Reino Unido, descreveu lições para a CQNUMC que devem ser aprendidas a partir do processo do Protocolo de Montreal, tais como:  cooperação entre as partes interessadas promovendo eficiência e eficácia; ciência e política não podem ser compartimentadas para avaliar as questões globais;  investigação científica e avaliação inspiram confiança; integridade ambiental não deve ser sacrificada para obter vantagem econômica e política;  e as soluções devem levar em consideração os mais vulneráveis.

Marcos Filardi, Universidade de Buenos Aires, Argentina, discutiu a luta pelo direito humano à alimentação. Leah Orlovsky, Instituto Jacob Blaustein de Pesquisa de Desertificação, Israel discutiu o desaprendizado em relação a lições  de desenvolvimento na Bacia do Mar de Aral, observando aulas despercebidas por causa da inércia burocrática e do  controle “de cimapara baixo”, bem como a ausência de economias de mercado, permitindo que os agricultores a tomar decisões independentes.

SESSÃO 4.1.4 IMPACTOS DE VULNERABILIDADE- LOCALIZAR ADAPTAÇÃO ÀS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS NA AGENDA DE DESENVOLVIMENTO: A sessão da manhã foi presidida por Lisa Schipper, Stockholm Environment Institute (SEI), Tailândia,  notou que a sessão demonstraria  por que a adaptação não poderia ser implementada sem desenvolvimento.

Netra Chhetri, Universidade do Estado do Arizona,  EUA, discutiu abordagens sobre pequenos agricultores para aumentar a resiliência do sistema. Observando os resultados de um estudo de caso no Nepal, ele enfatizou que os programas de adaptação deverão: incorporar o conhecimento local;  inovar em relação a tecnologias de localização específica, acompanhados por mudanças políticas e iniciativas locais de uso da biodiversidade e desenvolvimento tecnológico.

John Morton, Universidade de Greenwich, Reino Unido, notou que a pastorícia e a mudança climática insistituiram a necessidade de ir  além da classificação dos pastores como vítimas ou adaptandes da mudança climática. Ele pediu: uma visão mais ampla dos impactos,  promoção de discussões relativas aos presentes ciclos de seca, e uma maior compreensão da complexidade do mundo real e dos sistemas de produção pastoral.

Purabi Bose, Universidade de Wageningen, Holanda, apresentou a adaptação baseada na comunidade de mulheres na Índia tribal em regiões semiáridas para as mudanças climáticas. Ela observou que os governos devem: reconhecer a desapropriação histórica através dos direitos de propriedade florestal; permitir direitos de acesso para as comunidades vulneráveis, e permitirparticipação em decisões políticas, concepção e implementação.

Dawit Abebe, Universidade de Greenwich,  Reino Unido, falou sobre a variabilidade climática e capacitação sócio-ecológica pastoral na Etiópia, e disse que o aumento da variabilidade do clima, além da restrição de mobilidade, causa perda de recursos pastorais, políticas de assentamento, acesso aos mercados e conflito na região, que fizera com que os pastores não pudessem aplicar suas estratégias adaptativas.

A Presidente da Mesa, Schipper, falou sobre porquê exemplos de adaptação estão  tão fugazes  e observou que os profissionais devem: ver o que eles estão tentando alcançar com as ações de adaptação;  que a adaptação deve ser utilizada apenas quando se refere à mudança climática e  equacionar o desenvolvimento com a adaptação.

SESSÃO 4.2.3 ESTRATÉGIAS DE ADAPTAÇÃO NAS TERRAS SECAS: Nesta sessão, Coumba Ndoffène Diouf, Universidade Cheikh Anta Diop, Senegal, discutiu o manejo florestal local nas bacias hidrográficas como forma de enfrentar o risco climático. Olurunfemi Felix,Instituto de Pesquisa Social e Econômica, Nigéria, falou sobre vulnerabilidade e adaptação a eventos climáticos extremos, observando que programas bem-sucedidos incluem: melhoria do contexto de vulnerabilidade e seus estressores, reconhecimento  e mediação de interesses de adaptação diferentes, e investimentos no conhecimento local e capacidade.

Shailendra Kumar Mandal, Instituto Nacional de Tecnologia de Patna, Índia, disse que projetos requerem ação coletiva local, bem como um esforço integrado por governos, sociedade civil e setor privado. Ele disse que a tomada de decisões deve ser inclusiva e consciente.

Mogodisheng Sekhwela, Universidade do Botswana, ressaltou as modernas técnicas agrícolas de riscos climáticos e notou a necessidade de aumentar soluções, tais como a diversificação, reduzindo a pressão da colheita através da criação de produtos de valor agregado e compreensão das interações entre os serviços do ecossistema.

José Luis Gonzalez Barrios, Centro Nacional de Pesquisa sobre Água, Solo, Plantas e Atmosfera (Cenid-raspa), México, descreveu um estudo de caso, que conserva o solo, a erosão controlada e ajuda a captar  águas da chuva.

SESSÃO DE  4.2.5 VULNERABILIDADE, Impactos e Adaptação nas terras secas: Na sessão da manhã, presidida por Renato Ferreira, Ministério do Meio Ambiente (MMA), Brasil, Dungumaro Esther, Universidade de Dar es Salaam, Tanzânia, fez uma apresentação sobre os desafios e oportunidades de alterações climáticas e instou os tomadores de decisões a apoiar as ações em âmbito local, em vez de criar novos políticas “de cima para baixo”.

Andrei Marin,  Universidade de Bergen,  Noruega, apresentou a construção do desenvolvimento no âmbito das alterações climáticas na Mongólia árida e sublinhou a necessidade de adaptação no quadro das circunstâncias econômicas e políticas em cada região. Ferreira, então presidente falou sobre a política brasileira em áreas semiáridas no que diz respeito à água, descrevendo um projeto chamado dessalinização de Àgua Doce. Ele descreveu a formação das comunidades na manutenção do equipamento de dessalinização, mas observou que o processo será ameaçado nos próximos anos devido ao aumento da temperatura e aumentou das taxas de evaporação.

Tcharbuahbokengo Nfinn, Federação do Ambiente e da diversidade ecológica para a agricultura, Camarões, apresentou sobre as alterações climáticas e o sector do cacau, observando que a capacidade de adaptação das comunidades rurais de agricultura do cacau está ameaçada pela pobreza e pela falta de conhecimento e informações.

Nicolino Trompieri Neto, Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica (IPECE), Brasil, fez uma apresentação técnica sobre o impacto da precipitação sobre a economia do Ceará, comparando concentração pluvial com produção agrícola a partir de terras irrigadas, e contrastando o produto interno bruto da região com a do país, concluindo que as terras irrigadas são mais rentáveis para a região, mas não necessariamente para o país, devido ao aumento dos custos de produção.

SESSÃO 4.3.1 SISTEMAS DE ALERTA PRECOCES DE SECA: A sessão da tarde sobre os sistemas de alerta precoce de seca foi presidida por Don Wilhite, Universidade de Nebraska-Lincoln, EUA.  Ele observou que componentes essenciais dos sistemas de alerta incluem redes de monitoramento, sistemas de recuperação de dados, dados de controle de qualidade e análise de dados.

Mike Hayes, Centro Nacional de Mitigação da Seca, EUA, observou que a compreensão dos impactos das secas é essencial para a compreensão dos componentes de sistemas de alerta precoce de seca. Paulo Cesar Sentelhas, Universidade de São Paulo, Brasil, falou sobre os sistemas de monitoramento da seca na América do Sul e observou que, além das condições relativas a atmosfera, umidade e precipitação são considerados na avaliação das condições de seca.

Bob Stefanski, Organização Meteorológica Mundial, observou que a oficina de Nebraska-Lincoln chamou a atenção para a utilização de índices e indicadores para o acompanhamento e avaliação das condições de seca em todo o mundo prevendo: serviços nacionais de meteorologia e hidrologia para usar o índice de precipitação padronizada, além de ferramentas atuais, desenvolvimento de um manual de implementação e índices e sistemas de alerta precoce tendo o usuário final em mente.

Richard Heim, Agência Nacional Oceânica e Atmosférica, EUA, apresentou sobre o desenvolvimento de uma câmara seca internacional. Ele disse que o portal da seca global de monitoramento seria a base da câmara, com aspectos continentais, regionais e nacionais levados em consideraçãoa. Ele ressaltou que a câmara: preparara mitigação da seca, apoio e resposta, bem como decisões de gestão da água, fornecimento de uma ferramenta para a educação da seca, e a visualização e análise de dados climáticos e hidrológicos.

SESSÃO 4.3.4 MESA REDONDA - PESQUISA EM CIÊNCIAS SOCIAIS AGENDA EM RESPOSTA ÀS MUDANÇAS CLIMÁTICAS: O Presidente da Mesa, Jesse Ribot, Universidade de Illinois, EUA, questionou o painel sobre um papel maior e mais produtivo para os cientistas sociais nos debates sobre clima.

Monica Amorim, Universidade Federal do Ceará (UFC), Brasil, propôs novas abordagens para a adaptação e diversificação, que combinam a sabedoria local com o conhecimento científico. Togtokh Chuluun, Universidade da Mongólia, assinalou a necessidade de uma maior coordenação entre os pesquisadores para a produção de cenários de maior resolução sobre mudanças climáticas que seriam mais úteis para o planejamento.

Hallie Eakin, Universidade do Arizona, EUA, enfatizou a necessidade de análises mais sistemáticas das necessidades de adaptação e estudos sobre os mecanismos de transferência de risco e resposta. Papa Faye, Instituto Superior de Gestão (ISM), Senegal, estudou a relação entre a adaptação e a democracia. Ele disse que a política de adaptação tende a não envolver decisões verdadeiramente coletivas e  que a democracia ainda paira como uma dúvida das pessoas.

Michael Glantz, Universidade de Colorado, EUA, argumentou que o Prêmio Nobel recebido pelo Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC) representou uma mudança no debate sobre os impactos, o que significa um papel mais importante para as ciências sociais.

Renzo Taddei, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil, analisa as dimensões sócio-culturais de convencer as populações que entendemque a mudança climática é real e que realmente merecem respostas sérias. Zuo Ting, Universidade Agricola da China, analisou as formas de explicar os desafios e as implicações das alterações climáticas em estudos de desenvolvimento rural.

Dijire Moussa, Universidade de Bamako, Mali, discutiu a análise da governança, nomeadamente as regras e instituições, e sua adequação às alterações climáticas. Lisa Schipper, SEI, Tailândia, questionou se os cientistas sociais poderiam trabalhar em estreita colaboração com os cientistas naturais de uma forma verdadeiramente transdisciplinar.

SESSÃO 4.3.5 GOVERNANÇA INTERNACIONAL DAS INSTITUIÇÕES AMBIENTAIS: Max Falque, França, discutiu a governança da água e da agricultura em França, observando as mudanças ao longo do tempo em terra e uso da água, a evolução dos sistemas de irrigação e os quadros legais que os regem. João Luis Nogueira Matias, UFC, Brasil, falou sobre a governança da agricultura em seu país e disse que a agricultura sustentável exige revolucionar a produção, tecnológica, economica e institucionalmente.

Maria Teresa Farias, COMPAM, Brasil, descreveu o projeto Mata Branca para o desenvolvimento sustentável do Bioma Caatinga, dizendo que inclui capacitação nas áreas de educação ambiental, instituições apropriadas para a gestão integrada, utilização de espécies nativas, controle de incêndios florestais e gestão de silvicultura. Ela destacou as estratégias para proteger a biodiversidade, como a criação de áreas protegidas,  monitoramento e estabelecimento de corredores ecológicos.

SESSÃO 4.3.6 LIÇÕES DA INICIATIVA ÁRIDA: Presidente Henrique Vila, Ministério da Integração Nacional, Brasil, apresentou uma sessão e informou os participantes sobre o projeto Áridas, que lida com o desenvolvimento sustentável nas regiões semiáridas do Brasil.

António Magalhães, Diretor do ICID 2010, falou sobre a metodologia de condução do projeto Áridas, observando que a comissão de criação do primeiro projeto que definiu o futuro desenvolvimento das regiões semiáridas, em termos de sustentabilidade econômica, ambiental e social. Ele enfatizou que o projeto Áridas visa erradicar a pobreza e as desigualdades no Nordeste do Brasil.

Maria Irles Mayorga, UFC, Brasil, apresentou a história do projeto Áridas, delineando suas raízes para a primeira reunião da ICID em 1992. Ela elogiou o projeto por ser socialmente progressista, economicamente viável e ambientalmente sustentável, e apreciou os esforços de vários parceiros e intervenientes.

Leonel Leite, Instituto Interamericano de Cooperação Agrícola (IICA), Brasil, apresentou sobre o planejamento para o desenvolvimento sustentável no âmbito regional, com base nas lições aprendidas com o Estado do Rio Grande. Ele salientou a necessidade de instrumentos legais para institucionalizar o desenvolvimento sustentável em regiões áridas, nos âmbitos nacional e local.

Ramon Rodrigues, Secretaria de Recursos Hídricos do Estado do Ceará (SRH), Brasil, discutiu um relatório sobre recursos hídricos em regiões semiáridas, concluindo que os recursos hídricos estão em estado crítico no Nordeste do Brasil, e medidas como a construção de barragens adicionais para assegurar a sustentabilidade são importantes para futura consideração, principalmente porque haverá um aumento na deficiência hídrica, devido ao crescimento populacional.

IISD RESUMO: O resumo do IIDD sobre o ICID 2010 estará disponível na segunda-feira, 23 de agosto de 2010 on-line em: http://enb.iisd.org/crs/climate/icid2010

O Boletim do ICID é uma publicação do Instituto Internacional para o Desenvolvimento Sustentável (IIDS) <info@iisd.ca>, editores do Boletim de Negociações da Terra © <enb@iisd.org>. Esta edição foi escrita e editada por Tallash Kantai, Kate Louw, Keith Ripley e Schulz Anna. O Editor Digital é Angeles Estrada. Tradução para o Francês de Mongi Gadhoum. Tradução para o espanhol por Socorro Estrada. Tradução para o português por Karen Alvarenga de Oliveira, Ph.D. A Revisora é <leonie@iisd.org> Leonie Gordon. O Diretor dos Serviços de Comunicação do IIDs é James Langston "Kimo" Goree VI <kimo@iisd.org>. O financiamento para a cobertura desta reunião foi fornecido pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA). O IISD pode ser contatado em 161 Portage Avenue East, 6 º andar, Winnipeg, Manitoba R3B 0Y4, Canadá; Tel: +1-204-958-7700, fax: +1-204-958-7710. As opiniões expressas no Boletim são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do IIDS. Excertos do Boletim podem ser utilizados em outras publicações desde que seja feita a citação acadêmica adequada. As versões eletrônicas do Boletim são enviadas para listas de distribuição de e-mail (em formato HTML e PDF) e podem ser encontradas na WWW servidor em <http://enb.iisd.org/>. Para obter informações sobre o Boletim, incluindo os pedidos de informação sobre prestação de serviços, contatar o diretor do IIDS Reporting Services em <kimo@iisd.org>, +1-646-536-7556 ou 300 East 56th St., 11A, New York, New York 10022, Estados Unidos da América. A equipe do IIDS na ICID 2010 pode ser contatada através do r e- <anna@iisd.org>.

Participants

National governments
UK
US